segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Daí....


que eles não eram casados no papel, mas era o grande sonho dela.
Ele era o paciente, tinha um câncer avançado que deformava a sua face e o seu pescoço.
Daí surgiu a pergunta: - Vocês não gostariam de se casar? Poderíamos pedir ao juiz para pular alguma etapa, como os proclamas. Casariam-se no civil e religioso, pois era católicos.
Empolgação geral. Ela ficou iluminada, ele sorria acanhado.
O juiz atendeu ao nosso pedido e aceitou realizar a cerimônia sem os proclamas, pois ele estava com sua doença muito avançada e talvez não houvesse tempo.
Cabelo arrumado, foi uma correria para arranjar um vestido para ela. Não tinha nenhum. Compraram um azul e ela ficou toda feliz.
Casaram-se no civil. Ela exibia a certidão para todo mundo dizendo que agora sim era uma mulher casada.
Uma semana depois foi realizada a cerimônia religiosa. O padre foi até lá, teve bolo branco, com direito a bonequinhos de noivos e tudo o mais. Eles choraram, ela de branco, ele de terno improvisado e gravata. Ganharam as alianças dos colegas de trabalho dele. Brinde cruzando as taças. Todos felizes, tudo perfeito.
Uma semana depois ele foi dormir e não acordou mais. Não sofreu, não sangrou, não agonizou. Apenas dormiu. Para sempre.

3 comentários:

Márcia Maia disse...

28 de novembro: parabéns, minha queridamiga! Toda a alegria do mundo. E muitos, muitos beijos.

Anônimo disse...

Oi, obrigada pela visita! Vim conhecer o seu blog e gostei muito, tenho uma irmã médica e sempre me emociono com esse tipo de história. Parabéns pelo seu trabalho e pelo blog! :)
Paula

Brasil Exótico disse...

Parabenizo a forma da escrita e o conteúdo que muito me tocou. Acho que é pq eu cuido de velhinhos com Alzheimer. Perdi uma velhinha ano passado e foi muito triste. Difícil entrar num blog que me toque assim tão profundamente.
Deixo um abraço e muito prazer.
Alda