quarta-feira, 6 de agosto de 2008


Ele era magro mesmo antes de adoecer. Magro e deprimido.
Foi meu paciente de ambulatório, operei seu primeiro câncer.
Quatro filhos, três deles eram mulheres e que não se entendiam. Pai que nunca havia beijado os filhos.
Mau marido, eram separados. Ele morava no mesmo terreno que ela, mas não coabitavam a mesma casa, cada um tinha a sua.
Entrou lá porque a família, mesmo tão zelosa com ele, não suportava mais os cuidados com ele, que estava chagando ao final da vida e com uma doença malígna. É, algumas doenças malígnas cheiram mal.
Cuidamos dele, do odor do seu tumor, da sua dor. E cuidamos da dor de seus filhos e de sua ex mulher também.
Eu sabia que ele morreria no meu plantão. E assim aconteceu.
Ficamos juntos do começo ao fim...